O nono episódio da Websérie IA na Educação Profissional, promovida pelo Senac Brasil, encerrou a série de 2025 discutindo um tema essencial: como a inteligência artificial pode impulsionar acessibilidade, equidade e inclusão nos processos de ensino e aprendizagem.
O encontro, mediado por Artur Santos (Senac Departamento Nacional), contou com a participação de Vera Cabral (Microsoft), Alessandra Deboni (Núcleo de Excelência em Tecnologias Sociais – NEES/UFAL) e Reinaldo Camargo (Senac Mato Grosso do Sul).
Microsoft: acessibilidade como princípio e não como ajuste
Abrindo a live, Vera Cabral, diretora de Indústria da Educação para as Américas da Microsoft, trouxe uma fala inspiradora e pessoal sobre acessibilidade. Mãe de uma mulher com síndrome de Down, Vera defendeu que inclusão é uma pauta de todos, não de alguns.
Ela destacou que 1,3 bilhão de pessoas no mundo têm algum tipo de deficiência e que a acessibilidade precisa ser pensada by design, ou seja, desde a criação das soluções tecnológicas e não como um complemento posterior.
“Ambientes inclusivos são também mais inovadores e produtivos”, afirmou. “Quando criamos recursos acessíveis, não beneficiamos apenas pessoas com deficiência, mas toda a sociedade.”
Vera apresentou as soluções da Microsoft com foco em acessibilidade integrada, como narradores, tradutores automáticos, ferramentas de leitura e os aceleradores de aprendizagem. Ela destacou o papel do Copilot como tecnologia assistiva, citando pesquisas que apontam que 91% dos usuários com deficiência reconhecem ganhos de produtividade e autonomia com o uso do recurso.
Além disso, revelou a parceria com o Senac para oferta de cursos gratuitos no programa Conecta Aí, que já capacita educadores em letramento digital e inteligência artificial.
UFAL: IA desplugada e políticas para equidade
Na sequência, Alessandra Deboni, diretora de Políticas Públicas e Inovação do Núcleo de Excelência em Tecnologias Sociais (NITS) da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), apresentou uma visão sistêmica sobre como a IA pode reduzir desigualdades educacionais, desde que desenhada com equidade desde o início.
Ela destacou que a IA é a revolução tecnológica mais veloz da história, capaz de transformar profundamente o trabalho e a educação em poucos anos. Contudo, alertou para o risco de ampliar desigualdades se o acesso e a conectividade não forem garantidos a todos.
“Não basta tornar a tecnologia acessível; é preciso garantir acesso à tecnologia”, enfatizou.
Alessandra apresentou o conceito de IA desplugada, que busca soluções que funcionem em contextos de baixa conectividade e em escolas públicas sem infraestrutura tecnológica. Ela compartilhou cases do NITS, como a plataforma PINA, que utiliza IA para corrigir redações manuscritas e gerar diagnósticos em tempo real, reduzindo a carga de trabalho docente e aumentando a qualidade do feedback ao aluno.
Para ela, o futuro da IA educacional no Brasil depende de financiamento público, dados abertos e tecnologias criadas para o contexto brasileiro — e não importadas de realidades diferentes.
Senac Mato Grosso do Sul: práticas inclusivas e inovação docente
Encerrando o encontro, Reinaldo Camargo, analista de Tecnologias Educacionais do Senac Mato Grosso do Sul, apresentou cases reais de uso de IA e acessibilidade em cursos técnicos. Entre os exemplos, destacou docentes que usaram a lupa e o narrador do Windows para apoiar uma aluna com baixa visão, e outros que criaram tradutores automáticos de código para estudantes com autismo leve em cursos de programação.
Além disso, compartilhou projetos desenvolvidos com IA generativa em cursos de desenvolvimento de sistemas e o uso dos aceleradores de aprendizagem da Microsoft para aprimorar a comunicação oral e escrita dos alunos. Reinaldo ressaltou que o Senac MS se tornou Microsoft Showcase School, com 49 docentes certificados como Microsoft Educator Experts (MIE Experts), um marco para a rede.
Tendências e futuro da IA educacional
No debate final, os convidados compartilharam suas perspectivas para 2026. Para Alessandra, o próximo passo é desenvolver soluções de IA criadas exclusivamente para educação, com dados e arquitetura voltados ao contexto pedagógico.
Vera defendeu que 2026 será o ano da consolidação dos agentes de IA e da personalização da aprendizagem, com foco em uso responsável e crítico das ferramentas.
Já Reinaldo destacou a expansão da IA para a gestão educacional e para o cotidiano docente, tornando-se “tão natural quanto abrir um Word”.
Síntese do encontro
O episódio encerrou a websérie com uma mensagem clara: inovação e inclusão precisam caminhar juntas. A inteligência artificial pode romper barreiras, ampliar acessos e apoiar educadores — mas seu impacto real depende de políticas públicas, formação docente e compromisso humano.
“A tecnologia pode abrir caminhos, mas só as pessoas podem transformá-los em oportunidades.” Alessandra Deboni, UFAL.
A gravação completa está disponível no Saber Senac.